Início Cidades Mato Grosso Investigado por chacina ocorrida há 17 anos em fazenda de VG é...

Investigado por chacina ocorrida há 17 anos em fazenda de VG é localizado e preso em Sergipe

0

Investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá chegou ao paradeiro de um homem, foragido há 17 anos, e investigado por envolvimento na chacina ocorrida em uma fazenda no município de Várzea Grande, que vitimou quatro pessoas. Com apoio da Polícia Civil de Sergipe, E.G.J. 47 anos, foi preso na região de Aracaju, capital do estado.

O delegado titular da DHPP, Fausto Freitas, explica que o Núcleo de Inteligência da unidade realizou diversas diligências para chegar à localização do foragido, que estava com dois mandados de prisão decretados pela 1ª Vara Criminal de Várzea Grande, um deles por envolvimento na chacina, crime pelo qual responde a processo na Justiça estadual.

Após troca de informações entre a DHPP e a Polícia Civil de Sergipe, equipes do Centro de Operações Especiais (Cope) e Divisão de Inteligência e Planejamento Policial prenderam o foragido na praia de Atalaia Nova, no município de Barra dos Coqueiros, onde ele estava residindo há quatro anos. Conforme a polícia sergipana, no momento da prisão, E.G.J. estava em posse de diversos documentos falsos em nome de Edy Carlos Rodrigues de Lima, e confessou que os adquiriu para tentar fugir da polícia.

Ele foi conduzido ao Cope e após autorização judicial, será recambiado a Mato Grosso.

Chacina

A chacina ocorreu em março de 2004, na fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.

A DHPP identificou oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade, que foram indiciados por homicídio qualificado (cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa), ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.

As vítimas Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira foram mortas por funcionários da fazenda. Uma vítima foi morta por disparo de arma de foto e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento. Depois de mortas, as vítimas tiveram os corpos jogados em uma área à margem da estrada da localidade de Capão das Antas, em diferentes pontos, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.

O inquérito conduzido pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara, à época, apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do sábado de 20 de março. Conforme a investigação, os amigos teriam ido ao local na intenção de pescar para consumo de suas famílias, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.

Como os quatro não retornaram para casa, no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e teve início a busca pelas vítimas. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda. Após diversas buscas, os corpos foram localizados em uma área fora da fazenda, a fim de ocultar o crime e dificultar a investigação.

Conforme depoimentos prestados à DHPP no curso das investigações, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes no final da tarde do sábado, pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen feito por um dos seguranças.

As outras três vítimas foram rendidas e então o segurança, que foi preso agora em Sergipe, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que “três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o coro das que estavam vivas”.

As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004 por solicitação do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados. Os dois envolvidos confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.

Raquel Teixeira/Polícia Civil-MT