Sabe aquela sensação de felicidade no momento de inauguração de um hospital? Pois é, esse momento é exatamente o contrário: o Hospital Municipal de Campanha irá fechar, mas a sensação é a mesma. Afinal, nesse caso, a batalha foi grande para que se pudesse chegar a esse momento.
Foram 1.067 internações. Cerca de 90 mil consultas médicas e muitas vidas salvas ao longo de mais de 550 dias (até o dia 5 de dezembro data do fechamento, serão 573 dias para sermos bem exatos). E 54.125 coletas de exames realizadas até o início desta manhã (17).
E sim, depois de toda essa batalha, o Hospital Municipal de Campanha irá fechar. O que, claro, é uma boa notícia para a população sorrisense, pois o fechamento do HMC que esteve aberto ao longo de praticamente dois anos de pandemia de covid-19, é o reflexo direto de que os números estão realmente baixando e a pandemia entrando sob controle.
Se por um lado os números de casos positivos estão baixos; por outro – o que é mais uma notícia bem-vinda! – o número de imunizados está aumentando. Já são mais de 125 mil doses de imunizantes aplicadas no braço dos sorrisenses, inclusive com a terceira dose já em andamento para profissionais da saúde, idosos e imunossuprimidos. E à medida em que avançam os números de imunizados, caem os casos graves e a necessidade de internações.
E é levando em conta todos esses dados que a Prefeitura Municipal irá fechar o HMC. Contudo, não há motivo para medo.
“Todas as Unidades Básicas de Saúde e a UPA Sara Akemi Ichicava ofertarão atendimento para casos suspeitos de covid-19. O trabalho de coleta de exames também continuará sendo realizado normalmente”, explica o secretário de Saúde, Luís Fábio Marchioro.
“O que foi prestado pelo HMC ao longo desses dois anos foi um trabalho de referência no auge da pandemia. Agora, esse trabalho continuará, a população não ficará desassistida, só que o atendimento estará disponível ou na UPA ou nos PSFs”, explica.
Luís Fabio ressalta que é preciso ficar claro que apesar da alta no número de vacinados e da queda no número de positivos a covid-19 não foi simplesmente “embora. O vírus não desapareceu, pelo contrário, ele tem muitas variantes e a população precisa estar atenta a qualquer sintoma. A partir de agora a covid-19 é uma doença com que teremos que aprender a conviver assim como a dengue, sarampo, H1N1, dentre tantas outras, por isso o atendimento de casos suspeitos estará na rotina de todas as unidades de saúde”, frisa.
Para o secretário, fechar o HMC é motivo de comemoração. “São praticamente dois anos de muita luta e vidas salvas e essa sim é a melhor notícia: muitas vidas foram salvas com dedicação, trabalho humanizado e empenho”, diz.
Aberto em 11 de maio de 2020, menos de dois meses após o Município criar o Comitê de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 em 16 de março de 2020, o HMC irá fechar em 05 de dezembro deste ano. Durante todo o período o local ofertou 16 leitos de com oxigênio líquido, nove respiradores Bipap, suporte ventilatório pulmonar, cinco ambulâncias equipadas para o transporte de pacientes positivos, serviços de raio-x e de fisioterapia pulmonar. De julho de 2020 até o dia 17 de outubro de 2021 o HMC funcionou 24 horas devido ao alto número de casos. E desde o dia 17 o atendimento passou para o prédio do PSF Central com atendimento das 7 às 19 horas de segunda a segunda.
Além do HMC, durante seis meses o Município também ofertou seis leitos de UTI para tratamento da covid-19 na UPA. Para isso, foram aplicados mais de R$ 5,5 milhões, o que possibilitou salvar a vida de 68 sorrisenses que passaram pelo local.
O Município também investiu mais de R$ 1 milhão na oferta de oxigênio líquido que esteve disponível tanto no HMC quanto na UPA. 39.819 pacientes retiraram medicamentos para o combate à covid-19 nas cinco unidades das Farmácias Cidadãs em um investimento superior a R$1,3 milhões.
Fora esses números, uma grande força tarefa humana foi montada para atuar no combate. “Essa força tarefa incluiu profissionais da saúde, de todas as secretarias da Prefeitura que deram o suporte necessário a cada ação, da PM, dos Bombeiros, das entidades civis organizadas e da nossa população que respondeu com conscientização e aderiu a essa batalha”, pontua Luís Fábio.
“Foi um esforço gigantesco com a união de muitas mãos na batalha contra a covid-19”, pontua o prefeito Ari Lafin. “Tudo o que fizemos foi buscar uma foi resposta à emergência ainda desconhecida que se colocava a nossa frente e, a cada vida salva, todo esforço foi recompensador e valeu a pena”, comemora o prefeito.
E além de continuar ofertando o atendimento nos PSFs e na UPA, até janeiro o Centro de Exames para Covid-19 continuará funcionando de segunda a sexta-feira no atual espaço do HMC, em frente à Escola Ivete. Em janeiro, a intenção da Prefeitura é que o prédio possa voltar a abrigar o PSF Central. “E que possamos todos viver a nova normalidade sem descuidar da nossa saúde”, finaliza Luís Fábio.
Texto: Claudia LazarottoFotos: Decom