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Fundadores do Grupo Safras rebatem acusações contra Judiciário e expõem fissura com novos gestores

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A crise que envolve o Grupo Safras, conglomerado em recuperação judicial com dívidas próximas a R$ 2 bilhões, ganhou um contorno ainda mais delicado no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Os fundadores da companhia, Dilceu Rossato e Pedro de Moraes Filho, apresentaram manifestação para se desvincular das acusações feitas pelos atuais administradores contra magistrados do Estado, em recurso protocolado no processo.

A iniciativa revela um racha profundo entre antigos sócios e o fundo AGR I – constituído pela AM Agro e administrado pela Yards Capital –, que assumiu 60% do controle do grupo. Embora não tenham mais poder formal na gestão, Rossato e Moraes disseram considerar indispensável deixar clara sua posição diante do que classificaram como “ataques inaceitáveis” à magistratura.

O desconforto surgiu após os novos gestores afirmarem, em peça processual, que ainda existiria uma “fábrica de compra de sentenças judiciais” em Mato Grosso, mesmo depois da deflagração da Operação Sisames. Para os fundadores, tais colocações extrapolam os limites de um debate jurídico legítimo e não representam a história nem os valores da empresa. “Os trechos afrontosos são absolutamente inadmissíveis”, registraram, pedindo que os desembargadores desconsiderem integralmente as passagens ofensivas e avaliem apenas o mérito jurídico do recurso.

O Grupo Safras iniciou 2025 sob recuperação judicial, mas a medida foi suspensa após questionamentos do Ministério Público, que apontou indícios de fraude e pediu investigação. A instabilidade se agravou com a perda da posse da fábrica de Cuiabá, um dos principais ativos da companhia, retomada pela Carbon Participações após decisão judicial. A unidade estava sem energia elétrica devido a inadimplência milionária.

Paralelamente, vieram à tona suspeitas de blindagem patrimonial envolvendo fundos de investimento, como o Fundo Bravano, o que ampliou as dúvidas sobre a transparência da condução administrativa.

O afastamento público dos fundadores em relação às acusações dos atuais administradores não apenas evidencia o desgaste societário, mas também reforça a percepção de instabilidade em torno do Grupo Safras. Entre disputas internas, desconfiança de credores e investigações em curso, o futuro do conglomerado permanece cercado de incertezas.