O empresário Leandro Zavodini, figura conhecida no agronegócio e campeão brasileiro de pôquer, foi colocado em liberdade poucas horas após ser preso em um hotel de luxo em São Paulo, no dia 27 de novembro. Ele deixou a unidade prisional no dia seguinte, após pagar uma fiança no valor de R$ 1 milhão. A decisão foi assinada pelo desembargador Marcos Machado, que acatou parcialmente o habeas corpus apresentado pela defesa e considerou que o valor estipulado era compatível com o patrimônio declarado pelo investigado e o montante estimado do prejuízo causado.
As investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Lucas do Rio Verde indicam que Zavodini seria o líder de um esquema sofisticado para burlar o consumo real de energia elétrica em empresas de grande movimentação financeira. De acordo com a Polícia Civil, os prejuízos acumulados ao longo dos anos ultrapassam a casa dos milhões e revelam um “robusto esquema criminoso” voltado ao desvio clandestino de energia distribuída pela concessionária do estado.
Esta não é a primeira vez que Zavodini foi preso pelo mesmo crime. Em 7 de agosto deste ano, ele já havia sido detido em flagrante. Naquela ocasião, policiais encontraram um iPhone dentro de sua cela — aparelho que teria sido entregue, segundo a investigação, por um advogado. A quebra de sigilo telemático mostrou que o empresário mantinha uma rede de colaboradores que o ajudava a continuar se beneficiando ilegalmente do furto de energia, mesmo já estando sob investigação.
Além disso, os policiais descobriram que Zavodini tentou destruir provas. Em conversas registradas no celular apreendido, ele pediu a uma mulher que apagasse mensagens que poderiam comprometer o andamento das investigações. Pouco depois, ela confirmou ter removido o WhatsApp e tentado excluir registros remotos do aparelho. Esses elementos motivaram o pedido de prisão preventiva, cumprido no dia 27 de novembro.
Para a concessão da liberdade mediante fiança, o Tribunal de Justiça levou em consideração o fato de Zavodini ser réu primário, empresário, casado, pai de uma criança e possuir endereço fixo. O investigado é proprietário da Agrícola Maripá, sediada em Lucas do Rio Verde, um dos maiores polos de produção de soja do país. No mundo do pôquer, Zavodini também tem notoriedade: em novembro de 2023, conquistou o maior prêmio da história do pôquer brasileiro até então, e somente entre 2024 e novembro deste ano acumulou quase R$ 6 milhões em torneios.
A operação que mira o grupo criminoso é resultado de uma investigação longa, minuciosa e altamente técnica, conduzida pela Polícia Civil de Mato Grosso. A ofensiva segue em andamento, com análise de documentos, mensagens, movimentações financeiras e demais indícios que podem ampliar o alcance do caso e identificar outros envolvidos no esquema.

