Início Agronegócio Crise se agrava no Grupo Safras: disputa por equipamento expõe divisão e...

Crise se agrava no Grupo Safras: disputa por equipamento expõe divisão e falta de controle na intervenção judicial

0
Foto Reprodução


Retirada de maquinário em Nova Guarita durante período de proteção judicial reacende questionamentos sobre a gestão do interventor e revela fissuras entre credores, trabalhadores e o próprio Judiciário.

A turbulenta intervenção judicial do Grupo Safras, um dos maiores conglomerados do agronegócio mato-grossense, ganhou novo capítulo nesta semana. A apreensão de um equipamento em um armazém de Nova Guarita, realizada com apoio policial, trouxe à tona tensões internas e suspeitas de quebra das regras impostas pelo processo de recuperação.

O episódio, ocorrido na quinta-feira (30), ocorreu em meio ao chamado stay period — fase que garante 180 dias de blindagem judicial para impedir retirada de bens e permitir a reorganização das empresas. Ainda assim, o maquinário foi levado, sob anuência de um representante do interventor nomeado pela Justiça, o que gerou revolta entre advogados e credores, que consideram a ação uma afronta direta às determinações judiciais de suspensão das execuções.

Fontes ligadas ao processo afirmam que a situação evidencia a falta de coordenação e transparência na condução da intervenção. “O objetivo era preservar o patrimônio, não diluí-lo. Cada movimentação indevida coloca em risco a confiança de quem ainda acredita na recuperação do grupo”, destacou um credor sob reserva.

Desde o afastamento dos antigos gestores, Pedro Moraes e Dilceu Rossato, por suspeitas de fraude e ocultação de bens, a intervenção se tornou um campo de batalha. Decisões são contestadas, relatórios são questionados e o patrimônio, segundo advogados, vem se deteriorando rapidamente.

Com uma dívida estimada em R$ 2,2 bilhões e dezenas de propriedades espalhadas pelo estado, o Grupo Safras tenta sobreviver em meio à desconfiança generalizada. A retirada do equipamento em Nova Guarita deve agora ser formalmente comunicada ao juízo responsável, que poderá reavaliar o papel do interventor e as medidas adotadas até o momento.

Enquanto isso, cresce o temor de que o processo, criado para salvar o grupo, acabe se transformando em mais um capítulo de desorganização e perda de valor com reflexos diretos sobre produtores, trabalhadores e o mercado regional de grãos.