A Câmara Municipal de Nova Mutum (241 km de Cuiabá) decidiu, por 9 votos a 4, arquivar a denúncia por quebra de decoro contra o vereador Cristiano Bicó (Republicanos). O caso ganhou repercussão após a divulgação de uma gravação em que um ex-servidor relatava dificuldades financeiras e dizia não poder mais participar da devolução de parte do salário ao parlamentar.
A relatora do processo, vereadora Jaiane Santos (PP), apresentou parecer de 43 páginas defendendo o arquivamento. Segundo ela, a análise técnica não poderia se basear em “pressões midiáticas ou clamor popular”. Para Jaiane, o depoimento do ex-assessor mostrou contradições e motivação pessoal para prejudicar o vereador. “O conjunto probatório produzido é insuficiente para fundamentar um decreto condenatório, notadamente a perda do mandato eletivo”, concluiu.
O parecer também apontou que a acusação inicial, embora plausível diante do teor da gravação, perdeu força com as inconsistências apresentadas durante o depoimento do ex-servidor. De acordo com a relatora, a narrativa revelou parcialidade e até confissão de interesse em ver Bicó cassado. O entendimento foi acompanhado pela maioria dos parlamentares.
A votação foi realizada em urna, garantindo sigilo aos vereadores. Participaram da sessão representantes do União Brasil, PL, PP e Republicanos, que, em maioria, aprovaram o parecer favorável ao arquivamento.
O ex-servidor registrou um diálogo de aproximadamente seis minutos dentro de um carro, no qual aparece conversando com Bicó. Durante a gravação, o vereador, sentado ao volante e usando seu tradicional chapéu, pede que ele permanecesse no cargo até o fim do mês. Após a divulgação, Bicó afirmou que o registro distorceu os fatos e que o ex-assessor apenas relatava problemas pessoais, como dívidas e dificuldades familiares, sem comprovação de qualquer ato ilícito por parte do parlamentar.

