A mobilização conservadora liderada pela ex-primeira-dama atraiu multidão e discurso de fé, mas também revelou descompassos na organização e tensões entre lideranças regionais.
O Encontro do PL Mulher, realizado neste fim de semana em Sorriso (MT), cumpriu seu papel de mobilização popular ao reunir uma multidão de simpatizantes e lideranças políticas em torno de Michelle Bolsonaro, que mais uma vez se destacou como principal símbolo do conservadorismo feminino no país. Com uma fala carregada de fé e patriotismo, Michelle exaltou o papel das mulheres na reconstrução moral e política do Brasil e defendeu a unidade da direita.
“A mulher tem a sensibilidade e a força que transformam uma nação”, declarou, sob aplausos e gritos de apoio. O evento também ecoou pautas caras ao bolsonarismo, como a defesa da família tradicional e críticas aos julgamentos relacionados aos atos de 8 de janeiro, em Brasília.
No entanto, o que era para ser uma celebração da força feminina e da organização partidária acabou revelando fissuras internas e constrangimentos locais. A ausência do prefeito Alei Fernandes (União Brasil) entre as autoridades convidadas ao palco gerou desconforto e foi interpretada como uma desfeita ao chefe do Executivo municipal, anfitrião do evento. Testemunhas relataram que o prefeito deixou o local visivelmente insatisfeito, sinalizando o clima político delicado entre lideranças conservadoras da região.
Outro episódio que causou repercussão foi o impedimento da entrada de Edilamar Nava Bicego, viúva do ex-vice-prefeito Gerson Bicego, falecido em janeiro deste ano. O episódio, amplamente comentado nos bastidores, reforçou críticas à desorganização e à falta de sensibilidade na condução do evento.
Em nota, a coordenação estadual do PL Mulher classificou as situações como “mal-entendidos protocolares” e afirmou que apenas filiados ao partido seriam convidados a subir ao palco antes da chegada de Michelle. A justificativa, porém, não foi suficiente para conter o desgaste político.
Apesar dos ruídos, o encontro contou com nomes expressivos da base bolsonarista em Mato Grosso, como os deputados José Medeiros, Coronel Fernanda, Gilberto Cattani e Elizeu Nascimento, além do senador Wellington Fagundes. A mobilização reafirmou o peso político de Michelle Bolsonaro, mas deixou evidente a necessidade de maior articulação e diálogo entre o PL e suas bases municipais — especialmente num estado que tem sido um dos principais redutos do bolsonarismo no país.
                
