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Feminicídio em Sorriso: despedida de Jacyra expõe dor familiar e clamor por justiça

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O feminicídio que tirou a vida de Jacyra Gonçalves da Silva, de 24 anos, em Sorriso (MT), continua ecoando em forma de dor, indignação e pedidos por justiça. O corpo da jovem paraense chegou a Belém na madrugada de quinta-feira (21) e foi sepultado na sexta-feira (22), após velório realizado em uma igreja evangélica.

A despedida reuniu familiares e amigos que, além do luto, denunciaram a realidade de tantas outras mulheres que enfrentam a violência de parceiros e ex-companheiros. Entre os relatos mais comoventes esteve o da prima, Rosy Gomes, que resumiu a tragédia em palavras duras:

“Não estamos enterrando apenas uma pessoa, estamos enterrando sonhos. Sonhos de uma filha, de uma prima, de uma amiga, de uma jovem cheia de esperança. Agora, nossas fotos de família sempre terão uma ausência, sempre vai faltar alguém.”

Jacyra cursava o último ano de Administração e trabalhava em Sorriso para ajudar a família no Pará. Segundo os parentes, ela sonhava em proporcionar uma vida mais confortável aos pais e era reconhecida como uma jovem dedicada, querida e cheia de esperança.

O assassinato ocorreu no domingo (17), em um pesqueiro no bairro Verde Campo. O ex-namorado José Alves dos Santos, de 31 anos, chegou ao local em um VW Fox preto, alegando que tinha um presente. Dentro de uma caixa, no entanto, escondia a arma usada para executar a vítima.

Sentada à mesa com amigas, Jacyra foi surpreendida com ao menos seis disparos. Toda a ação foi registrada por câmeras de segurança. Apesar de possuir medida protetiva contra o agressor, não conseguiu evitar o desfecho trágico.

Menos de 24 horas após o crime, José foi localizado pela Polícia Civil em uma estrada vicinal no distrito de Piratininga, em Boa Esperança do Norte. Ele caminhava a pé tentando fugir. Durante o interrogatório, demonstrou frieza e chegou a afirmar que aguardava “o momento certo” para se entregar. A arma utilizada foi encontrada escondida em uma mata, após ele indicar o local.

O caso de Jacyra se soma às estatísticas de feminicídio que continuam crescendo em todo o país, expondo falhas na rede de proteção e a urgência de medidas mais eficazes. Para os familiares, além da saudade, fica o sentimento de impotência diante de uma dor irreparável.

“Estamos enterrando sonhos”, disse a prima. Palavras que agora se transformam em símbolo de luta para que histórias como a de Jacyra não se repitam.